Economia circular como alternativa à escassez de recursos naturais
A economia e os modos de produção devem passar por atualizações para acompanharem as mudanças do mundo. A economia circular é uma alternativa para a preservação dos recursos naturais, que vêm sendo mal aproveitados pelo sistema de produção atual, de cunho linear e pouca preocupação com a sustentabilidade. Se nada for feito, as transformações do mundo agravarão os problemas ligados ao meio ambiente, à produção e ao consumo.
Segundo o estudo World Population Prospects (2019) da ONU, observa-se que a população mundial teve elevado crescimento a partir de 1950. Entre 1950 e 2000, houve um crescimento de 3,5 bilhões de pessoas, atingindo o patamar de 6 bilhões de indivíduos pelo mundo. Entre 2000 e 2050, há a estimativa do crescimento de mais 3,7 bilhões de pessoas. Em 2100, há uma previsão de a população chegar a 11 bilhões, podendo variar entre 9,5 e 12,5 bilhões de pessoas.
Além disso, o World Population Prospects de 2018 já afirmava que a população, ao longo das décadas, vem se deslocando do meio rural para o meio urbano. Isso significa um aumento do consumo e da produção. As Américas já são as regiões mais urbanizadas do planeta, com índices de 81% e 82% de pessoas vivendo nas cidades, enquanto a região da Europa apresenta taxa de urbanização de 74%. Também há a previsão do aumento das megacidades (cidades com mais de 10 milhões de habitantes). Em 1990, havia 10 megacidades pelo mundo, ao passo que a estimativa é que existam cerca de 43 em 2030.
Nota-se ainda que, de acordo com o World Bank (2021), o PIB global teve um crescimento de quase 8,5 vezes entre 1960 e 2019, atingindo mais de 80 trilhões de dólares em 2019. Neste cenário de aumento da população, crescimento da urbanização e elevação do consumo, o processo produtivo atual, exemplo de economia linear, está gerando um excesso na demanda por recursos naturais.
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Problemas da economia linear
O desenvolvimento da economia global ocorreu por meio da denominada economia linear, baseada no conceito de extração, produção, consumo e descarte de recursos naturais finitos, ocasionando o risco ao esgotamento de matérias-primas. Com menos recursos disponíveis, há custos cada vez mais elevados de extração, gerando instabilidade e insegurança em relação ao futuro. Além disso, o modelo linear produz um volume considerado de resíduos inutilizados e potencialmente tóxicos para os seres humanos e para os sistemas naturais.
Em decorrência da extração insustentável de recursos naturais, desde 1970, nosso planeta tem estado em excesso ecológico (ecological overshoot), o que significa uma demanda de recursos que excede a biocapacidade da Terra em fornecê-los. Atualmente, a humanidade demanda o equivalente a 1,6 planeta Terra para produzir os recursos que utilizamos e absorver os nossos resíduos (Global Footprint Network, 2021).
Esse modelo de economia ainda se torna mais grave em países como o Brasil, onde não há um gerenciamento adequado de resíduos sólidos domésticos, os quais em muitos casos acabam dispostos em lixões.
Neste sentido, a economia circular tem papel fundamental como alternativa ao consumo insustentável de recursos naturais e de geração de resíduos, pois este conceito dissocia a economia do consumo desenfreado, bem como tem por princípio eliminar a geração de resíduos.
Economia circular: solução para um futuro mais sustentável
Um dos princípios da economia circular consiste na eliminação do resíduo desde o desenvolvimento de um produto, por meio do design circular. Esses produtos são criados de forma que se mantenham em ciclos, ou seja, do berço ao berço, sempre com os materiais em uso, ao contrário da economia linear, que consiste no ciclo do berço ao túmulo. Neste conceito, o lixo pode ser considerado uma falha de design (“Waste is a Design Flaw”), segundo o projeto britânico The Great Recovery.
Na economia circular, os materiais de base biológica são pensados para retornar ao meio ambiente de forma regenerativa, sem causar qualquer dano, como é o caso da compostagem. Por outro lado, os materiais de base técnica são aproveitados continuamente em ciclos industriais, sem perda de qualidade, o que é chamado de superciclagem (em inglês, upcycle).
Esse tipo de modelo econômico também minimiza os impactos no aquecimento global. Caso o índice de circularidade - que, atualmente, é de apenas 8,6% - seja dobrado, chegando a 17% em 2030, o aumento da temperatura global pode ficar abaixo de 2°C, um grande avanço, considerando que a economia linear está conduzindo para um aumento de 3 a 6°C.
O aquecimento global é uma preocupação mundial, portanto, o número de países que criaram ações focadas na promoção da economia circular está crescendo, especialmente na União Europeia.
Economia circular na indústria de papel e celulose
A economia circular já vem sendo empregada na indústria de papel e celulose, pois, assim como a Pöyry, são empresas que buscam acelerar a transição para uma sociedade mais sustentável.
Alguns exemplos de ações de circularidade que têm sido adotados na indústria de papel e celulose são:
- Utilização de resíduos como matéria-prima;
- Manutenção de materiais em uso durante o processo produtivo (recuperação de químicos, reuso de água e recuperação energética);
- Produção de novos produtos a partir de resíduos, como fertilizantes e corretivos de solo;
- Regeneração de sistemas naturais por meio de recuperação de áreas degradadas e manutenção de áreas de preservação.
Neste sentido, existem alguns desafios relacionados à economia circular, tais como:
- Uso compartilhado do solo com outras atividades;
- Aproveitamento e manutenção de materiais em uso (enxofre, potássio, alumínio, carbono);
- Eliminação de resíduos para aterro (design circular);
- Desenvolvimento de novos materiais de base biológica.
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Contribuições da Pöyry para a economia circular
Os especialistas em economia circular da AFRY, grupo do qual a Pöyry faz parte, desenvolveram uma metodologia para analisar mais detalhadamente o potencial circular de um planejamento ou de uma empresa através da estratégia de funil baseada em suas experiências em projetos. Essa metodologia contempla a avaliação da eficiência na utilização de recursos, eficiência hídrica e energética, eficiência no uso de transportes e uso da terra, assim como outros tópicos relacionados.
A Pöyry - empresa europeia com alcance global líder em serviços de engenharia, projetos e consultoria – está certa que os investimentos em sustentabilidade são fundamentais para a manutenção da competitividade de seus clientes em função de novas regulamentações, mudança de mercado e demanda de investidores.
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